Um
mestre me disse uma vez (ele sempre fala) que a maioria das pessoas ama, gosta,
adora, aceita aquela pessoa que diz sim!
Quem faz tudo pelo outro!
Ele
dizia: experimente, fale não!
Deixe
de aceitar fazer coisas!
Aí verá se ela te ama (a outra pessoa!).
(Aliás, diga de passagem como é difícil dizer não para muitos de nós... ter a coragem de dizer não! E abrir mão dessa aceitação !! Desse conforto de dizer sim e agradar, não é ? Difícil...)
Realmente
temos muito o que aprender sobre amor, sobre amor incondicional... por
enquanto, na nossa evolução, o “amor” é uma troca!
Os
relacionamentos se mostram como uma troca!
Um negócio!
Você me dá, faz coisas
para mim...e eu retribuo!
Que
pelo menos as trocas sejam justas: você dá carinho, respeito, atenção, amor,
prazer... e recebe de volta!
Agora
quando nem reciprocidade se tem, quando não há contrapartida, fica difícil nós
humanos, egoístas, orgulhosos, aceitarmos... pois somos mimados!
Somos
exigentes.
Então
amar "apesar de" é mais que desafio!
É
quase uma utopia para a humanidade, no nosso atual momento de evolução!
Talvez
o amor aqui na terra mais próximo do perfeito seja o "amor de mãe".
Que
muitas vezes realmente ama "apesar de"!
Incondicionalmente!
Pegue
por exemplo uma mãe de uma criança especial ou com síndrome de Down, por
exemplo!
Talvez seja mesmo o amor mais evoluído que existe no planeta!
Ama
"apesar de qualquer coisa" o seu filho!
Mas veja, mãe é ser humano!
E como é
humana, sonha com retribuição, ou gratidão... (mesmo que inconscientemente
espera reconhecimento!) e por vezes até se faz de mártir, reclama a falta de
reconhecimento!
Mas
nem essa falta de reconhecimento não a faz deixar de amar! Ela reclama, mas
ama!
Se faz até de vítima (para manipular, dominar, ter reconhecimento e gratidão, que a obedeçam, que faça do jeito que ela quer...), mas ama!
Incondicionalmente
(quase!).
“Amor
de mãe” talvez seja o mais perfeito amor que se acha na terra. Ou um dos mais...
Talvez seja por
isso que nos relacionamentos o "homem" procura a mãe na sua mulher,
nas suas mulheres!
Porque a imagem de "mãe" associada à mulher é
muito forte! (me lembrei de Freud, com seu "Édipo").
A esse sentimento de aconchego, de abastecimento, de suprir suas
necessidades (até sua fome... fome de viver, fome sexual, fome emocional... vê
na mãe o suprimento de todas as suas carências!).
E é
esse amor que ele busca, que ele precisa!
O amor de quem vem para suprir suas carências!
Mas egoísta (e mal acostumado com a mãe) ele quer
para ele esse amor, mas muitas vezes não está disposto a dar esse amor!
Provavelmente
por não ter aprendido a dar esse amor!
Só aprendeu a receber!
Pode
não ser culpa dele!
Sim, o
amor é a energia motriz do universo!
Mas ainda não é algo que tenhamos
entendido muito!
Que tenhamos experienciado! Aprendido!
Ainda
queremos muito receber....sem dar ou dando pouco!
Talvez
o maior desafio não seja amar apesar de, e sim amar, dar sem se preocupar em
receber!
Isso
sim é um amor elevado! Maduro! Diria até espiritual!
Estamos
preparados para dar sem nos preocupar em receber?
Em
fazer algo sem esperar contrapartida?
Um retorno? Reconhecimento?
Ou até culpa?
(para a pessoa fazer algo por nós por culpa? não por vontade? Entrando no
esquema de manipulação? Sim, porque só há a manipulação se existe manipulador e
manipulado!).
Será
esse amor desinteressado utópico? Será mesmo que existe fraternidade?
Altruísmo? Será? Ou a peculiaridade mesmo dos relacionamentos humanos é a
troca?
Aí a
gente estuda, analisa...se é uma troca, então me sinto bem com (porque me
agrada), gosto (porque faz as coisas do
meu jeito), adoro (porque até aprendeu a gostar das minhas coisas), me faz bem
(porque não confronta meu ego e não me diz não!)... mas será que amo? De
verdade?
Apesar
de? Será que amo? Será que amei um dia?
Talvez
amar não seja a utopia!
Talvez
não seja impossível e desafiador!
Talvez
dar sem se preocupar em receber o seja!
Talvez
o desafiador seja confrontar nosso ego dominador, nosso orgulho limitante e
ameaçador.
Talvez
tenhamos entendido tudo errado na frase: “amar ao próximo, como a si mesmo”,
pois para amar o próximo, precisamos nos amar primeiro!
E se
nos amamos, se somos completos, não somos a “metade” do outro!
Não
complementamos o outro!
Não
suprimos o outro!
Não
queremos suprir as carências do outro, para que ele supra as nossas!
Que a
gente então se resolva!
Esteja
inteiro!
Se
amando!
Se
aceitando!
Para
amar o outro!
Amando
apesar do não, do mau humor, das dificuldades e limitações!
Amar
apesar de... e amar simplesmente por amar!
Talvez
essa seja a chave da evolução (e o motivo) de nossa estada no planeta: APRENDER
A AMAR DE VERDADE!
Nós
chegaremos lá...
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Mauricio Franchi - Veeresh Das -