quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Aprendendo sobre Perdão (revisado)



Assisti um programa há um tempo atrás na televisão que mexeu tanto comigo que, me marcou tanto que decidi escrever algo, pois fiquei impressionado sobre o tema.
Na realidade não foi bem sobre o tema central da entrevista.
Essa é a mágica da vida e do aprendizado quando nos dispomos a aprender!
A estarmos abertos a aprender!
O tema era relevante, diria até chocante!
Mas o ensinamento não veio do cerne da questão toda!
No final a apresentadora lançou uma frase de sabedoria que me impactou enormemente.
Foi como se um bate estaca batesse violentamente na minha cabeça sem dó!
Aquela frase teve um impacto tão grande!
E de uma forma tão saudável, simpática!
Eu quis vir aqui divulgar esse conhecimento que adquiri.
Afinal de contas, acredito e defendo que o conhecimento seja algo que devemos divulgar, compartilhar para o bem geral e não individual.
A frase em questão versava sobre perdão obviamente, afinal está no título do meu "post", mas não é tão simples assim.


Quero posicionar a vocês um pouco mais no contexto da coisa, e de como eu me senti.
O programa era da famosíssima ultra-mega-poderosa-power (e mais um monte de adjetivos que os americanos dão a ela!) Oprah Winfrey.
Ela entrevistava duas irmãs gêmeas que corajosas foram ao programa da Oprah falar sobre anos que sofreram de abusos sexuais por parte de seu pai (vejam, do pai delas, não de padrasto!) e de dois irmãos mais velhos, diariamente durante cinco anos, e com a conivência total da mãe.
Um assunto altamente revoltante no mínimo!
Vejam que o assunto de estupro é tão sujo, reprovável, nojento, inexplicável, hediondo que aqui nas prisões brasileiras por exemplo se um estuprador é condenado, ele tem que ser separado dos demais, senão é morto pelos próprios companheiros de cela. Até criminosos não aceitam estupradores.
Volta e meia quando tem rebelião, eles aproveitam e matam, cortam a cabeça, empalam estes estupradores.
As moças em questão no programa pareciam ter cerca de 18 anos e foram violentadas pelo pai e pelos dois irmãos mais velhos desde que elas tinam 8 anos até aproximadamente 14 anos, quando acabaram por contar para uma vizinha que chamou a polícia e fizeram o flagrante.
O pai dela e os irmãos foram condenados e estavam presos.
A mãe, que era conivente, ficou presa somente por 10 dias.
E a entrevista foi toda dramática como não podia deixar de ser, emotiva.
As moças a gente percebia que tinham nelas marcas emocionais, traumas que teriam que ser tratados com muita terapia.
Vejam bem, sofrer violência é complicado!
Sofrer violência sexual, mais ainda!
E sofrer violência sexual, dentro de sua casa, com consentimento de sua mãe! 
Imaginem! Ou tentem!
Imaginem a cabeça dessas moças.
E acreditem, elas se sentiam de uma certa forma culpadas por desagregarem a família, ao denunciarem a situação. Confusas com a situação!
Afinal ali estavam a figura do seu pai e sua mãe!
Que todo domingo os levavam à igreja!
Imagina a cabeça delas!
Você que está lendo aqui deve estar pensando a mesma coisa que eu: que doideira!
Que absurdo!
E elas de uma certa forma estavam em conflito!
Demoraram para denunciar os pais!
No programa dava pra perceber que elas não queriam mais saber do pai e da mãe e nem dos irmãos.
Que elas estava extremamente abaladas com tudo aquilo!
E vejam, deve ter passado aproximadamente cerca de 5 anos desde que parou a violência.
Aí entra a questão justamente do perdão.
Dá para perdoar?
Você perdoaria?
Perdoaria a mãe? os irmãos? O pai?
O perdão numa cultura religiosa é muito falado, mas dá para cobrar, exigir perdão no caso delas? Dá?


Como dizem, quem dá o tapa esquece, mas quem tomou o tapa, nunca esquece!
Tem gente que não perdoa uma coisa boba, simples, fútil...como exigir delas que perdoem um ato desses?
Complexo, não?
Para terem uma ideia do quão complexo, um dos irmãos quando preso e sob interrogatório disse que naquele Estado era permitido pela Lei. Ou seja, ele foi ludibriado pelo pai. foi levado a acreditar que aquilo era legal, normal!ele acreditava ser normal!
O outro irmão, um pouco mais novo, quando preso, respondeu: "como errado, se meu pai fazia?"
Não que isso tirasse a responsabilidade deles (afinal ambos irmãos foram condenados a penas menores, mas foram condenados...ambos vão sair da cadeia em condicional quando tiver aproximadamente 40 anos...o pai não vai sair...).
Aí eu pergunto em relação às religiões, ao humanismo em geral: como analisar o perdão?


Será que conseguimos perdoar?
Será que é normal perdoar?
Será que estamos preparados para perdoar?
O que fazer então?
Pesquisando livremente na internet sobre o tema perdão, achei no Wikipedia:
"O perdão é um processo mental ou espiritual de cessar o sentimento de ressentimento ou raiva contra outra pessoa ou contra si mesmo, decorrente de uma ofensa percebida, diferenças, erros ou fracassos, ou cessar a exigência de castigo ou restituição."
"O perdão pode ser considerado simplesmente em termos dos sentimentos da pessoa que perdoa, ou em termos do relacionamento entre o que perdoa e a pessoa perdoada. 
É normalmente concedido sem qualquer expectativa de compensação, e pode ocorrer sem que o perdoado tome conhecimento (por exemplo, uma pessoa pode perdoar outra pessoa que está morta ou que não se vê há muito tempo). Em outros casos, o perdão pode vir através da oferta de alguma forma de desculpa ou restituição, ou mesmo um justo pedido de perdão, dirigido ao ofendido, por acreditar que ele é capaz de perdoar."
"O perdão é o esquecimento completo e absoluto das ofensas, vem do coração, é sincero, generoso e não fere o amor próprio do ofensor. Não impõe condições humilhantes tampouco é motivado por orgulho ou ostentação. O verdadeiro perdão se reconhece pelos atos e não pelas palavras."
"Existem religiões que incluem disciplinas sobre a natureza do perdão, e muitas destas disciplinas fornecem uma base subjacente para as várias teorias modernas e práticas de perdão."
"Normalmente as doutrinas de cunho religioso trabalham o perdão sob duas óticas diferentes, que são:
Uma ênfase maior na necessidade das faltas dos seres humanos serem perdoadas por Deus;
Uma ênfase maior na necessidade dos seres humanos praticarem o perdão entre si, como pré-requisito para o aprimoramento espiritual."


Pois é, vejam que sob a ótica filosófica, psicológica, religiosa doutrinária ou não, ou se preferir, espiritualmente falando, perdão é um assunto, uma questão por demais complexa, contraditória, controversa...difícil mesmo!
Principalmente para quem sofreu a violência, o tapa na cara,a injustiça, o furto, o roubo.
E tem tem mais uma dificuldade: nos perdoarmos!
Aí fica difícil!
Será que conseguimos nos perdoar?
É aí que entra de novo a maravilhosa Oprah, com uma frase que disse àquelas duas moças conflitadas, sobre o perdão, com o intuito de ajudá-las a "seguir em frente", que mexeu comigo (mais que o tema em si da violência) e me fez vir aqui escrever, pois esse conceito de perdão que foi bárbaro para dizer o mínimo:
" Perdoar, não significa que aceitaremos uma pessoa de volta!
Perdoar, não significa que aceitamos, que concordamos com o que ela nos fez!
Perdoar, não significa exatamente que iremos conviver novamente com quem nos fez algo anteriormente!
Perdoar é abrir mão da esperança de que o passado poderia ter sido diferente.
Perdoar é seguir em frente!
Perdoar é libertar-se!"


Não sei onde a Oprah ouvi isso, que Mestre disse isso, mas quem disse isso é um Sábio!

Trouxe um significado expressivo para mim sobre perdão!
Não paro de pensar nisso!
De refletir sobre isso!
Me fez um bem enorme!
Espero que te dê um novo direcionamento, assim como a mim deu!
Pois me senti livre...
Que o perdão, assim como a gratidão seja uma prática em nossas vidas!
Não da boca para fora, mas com atitudes!
Vamos tentar?
Finalizo com a oração do Hoponopono que pode nos ajudar nessa cura:
Sinto muito!
Me perdoe!
Te amo!
Sou grato!



Mauricio "Veeresh Das" Franchi

9 comentários:

  1. Você sempre conseguiu enxergar as entrelinhas com maior clareza e, principalmente, transmití-las de forma muito fácil.
    Excelente texto !!!!

    Abração.

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  2. Que lindo, Franchi!! Comecei meu dia pensando em perdoar coisas futeis e bobas... diante dessa situação, ficamos mais leves mesmo, principalmente pensando q não sou eu q estou na pele delas. Eu perdoo esses caras, por elas, a justiça dos homens e de Deus já estão cuidado de condená-los. Paz e amor no coração delas.
    Fica com Deus, querido. Bjo, Ma.

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  3. É Mau... perdoar é sempre muito conflitante e temeroso, sempre nos dá a sensação de perdoar e permitir que a pessoa faça tudo de novo. Como permitir isso? Não dá... por isso muitas vezes o perdão não acontece.

    Nesse ponto, esse texto da Oprah foi a raiz do problema. Daí sim.... fica mais plausível perdoar.

    Bjo

    Cris

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  4. Olá Maurício , eu também assisti esse programa da Oprah e fiquei muito chocado nesse dia . Tentei procurar no youtube videos legendados do dia desse programa mas encontrei apenas videos em inglês. Gostaria de mostrar a minha namorada que é pedagoga e trabalha em escola pra ver se conscientizaria as pessoas a denunciar esses tipos de abuso com crianças.
    Obrigado

    se tiver e puder me passar meu e-mail é
    nogueira-nogueira2011@hotmail.com

    Abraço

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  5. Mto bom o seu texto... Acabei de ver um show da Oprah onde tratavam precisamente sobre o abuso sexual na infância (neste caso as vítimas eram todas do sexo masculino). No final, ouvi a Oprah dizer essa frase e fiquei tão impressionada ao ouvir tal frase q a escrevi rapidamente num papel e depois resolvi procurar na internet essa mesma frase e o tema em si, o perdão... Foi aí que encontrei o seu blog... Óptimo texto, parabéns! E que grande verdade essa visão do perdão... Obrigada.

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  6. Mauricio, fiz uma longa análise do texto acima, mas não consegui salvar a postagem... Sumiu tudo. Sinto muito, amigo. Vou deixar prá depois, não vou me lembrar de tudo o que escrevi. Acho que não sei usar os mecanismos do blog. Beijo da Edith Zogno

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  7. Como sempre em tudo, estamos aprendendo, os fatos não podem serem esquecidos, por isso é "fato". Quanto as consequências cabe a cada um tirar o ensinamento que no momento está precisando. O perdão é divino, e quando estamos em contato com ele, e o compreendemos o que fizerem para nós, não veremos a necessidade de perdoar, porque já estão perdoados. e como você sabe que perdoou? Quando lembra do fato e sente compaixão daquela pessoa e agradeço por ela ter me colocado nessa situação, caso contrário como teria a oportunidade de buscar o sentido daquilo, por entender. Quando buscamos o entendimento e compreendemos, sabemos que as coisas acontecem para o nosso crescimento. Então elas nos ajudaram, ou seja foram mediadoras para nossa evolução, não existe o perdão e sim agradecimentos.

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  8. Tema sempre atual, concordo com a Oprah.
    Emilia.

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