domingo, 26 de abril de 2020

A dualidade em nós


Há um certo consenso, se é assim que se pode considerar, que somos dualidade! 

Que nossa existência mormente em nosso planeta, na terceira dimensão, somos dualidade! 

Sobre todo tipo de viés físico, biológico, filosófico, psicológico e espiritual encontraremos temas e exposições que falam dessa dualidade! 

No Taoísmo, por exemplo, vemos essa explanação de uma forma clara, sobre a dualidade da vida, sob a visão das energias Yin & Yang que atuam sobre nós durante nossa percepção de vida.


Para começar com a parte mental, racional, sob a visão da ciência, percebemos e provamos que somos dualidade! 

Como? 

Simples... 

Somos feitos de que? Átomos... 

E o que é o átomo? A soma de duas energias positiva e negativa em sua constituição! 

Positivo e negativo em questão e polaridade de energia! 

Sem julgamento de valores positivo e negativo como por exemplo, bom e mau! 

Na verdade, não só nós seres humanos, mas o planeta todo é feito de átomos, certo? 

Então essa dualidade de energia se encontra em tudo! 

Quando falo em planeta, não levo em consideração somente a parte digamos física, tátil... mas também as formas sutis como atmosfera, gases, e todo tipo de onda (TV, rádio, telefonia, etc.) que nos cercam! 

Voltando ao taoísmo: Yin e Yang são conceitos que expõem a dualidade de tudo que existe no universo. Descreve as duas correntes de forças opostas e complementares que se encontram em todas as coisas. 


Yin é o princípio do feminino sagrado, da noite, da lua, da passividade, absorção, intuição, arte e Yang é o princípio do sagrado masculino, do sol, do dia, da atividade, da ação, do trabalho, da razão. Entre outros inúmeros e infindáveis exemplos! 



Segundo essa ideia, cada ser, objeto, pensamento possui um complemento do qual depende para sua existência! Esse complemento existe dentro de si! Assim se deduz que nada existe em estado puro: nem na atividade absoluta, nem na passividade absoluta, mas em transformação contínua. 

Além disso, qualquer ideia pode ser vista como seu oposto, quando visualizada a partir de outro ponto de vista. Nesse sentido, a categorização seria apenas por conveniência. 

Estas duas forças, yin & yang, são as bases do TAO, princípio único gerador de todas as coisas, de onde surgem e para onde se destinam. 


Percebemos esse conceito, essa realidade de opostos através dos nossos sentidos, por exemplo! 

E aqui desfilaremos exemplos dessa diversidade de energias e percepções, para esse conceito ficar ainda mais claro, com seus opostos correspondentes e complementares: 

- Yang: dia, luz, horizontal, mental, duro, forte, rápido, pesado, difícil, água, tempo, céu, sempre, amor, defender, amigo, direita, alto, vida, energia, espírito, mover, cansar, gastar, alegria, falar, 

- Yin: noite, sombra, vertical, emocional, mole, fraco, lento, leve, fácil, fogo, espaço, terra, nunca, ódio, atacar, inimigo, esquerda, baixo, morte, matéria, corpo, parar, descansar, poupar, tristeza, calar 


Como disse, os exemplos são infinitos! 

Mas acredito que até aqui consegui explicar esse conceito de dualidade presente em nós e no universo. 

Agora quero investigar essa dualidade em nossos pensamentos! 

Na nossa mente! Nas nossas emoções! 

E condutas em geral! 


Segundo a psicanálise, para tudo e todos na vida há uma inerente “batalha” interna que permeia a existência. Somos criaturas constituídas dos resultados de camadas de escolhas e decisões. 

A dualidade já nos encontra na concepção da vida, no nosso nascimento, haja vista que somos gerados por duas energias opostas e complementares: mãe e pai! Cujas experiências, culturas, moral, conhecimentos, sabedorias e crenças nos são bombardeadas desde a mais tenra idade. 

Então somos uma unidade gerada por uma dualidade! Sempre! 

Todo aspecto nosso que achamos ser único, na realidade, profundamente investigando, são a soma de dois aspectos opostos, porém complementares! 

Assim é! 

Segundo ainda a psicanálise, a dualidade é a construção ideológica de que existem forças opostas agindo sobre o mesmo objeto! O tempo todo! A ideia filosófica propões que duas realidades, duas percepções completamente diferentes (opostas em essência) agem continuadamente sobre um mesmo ponto, incidindo na forma como esse se constrói! Isso seria a complementação de sua identidade como ser vivo! 

A psicanálise ainda afirma que a dualidade é um evento irredutível por si só! 

Dada à sua natureza, os componentes que a formam não encontram um caminho em comum para seguir. Não há como chegar a um consenso! Isso porque visões e ações opostas não se completam e não chegam a um ponto final! 

Ao propor que duas existências segmentadas em direções opostas estão convergindo, não há como construir uma subordinação de uma para outra. Ou determinar qual influência é predominante ou mais forte, que exerça mais influência! Isso porque as forças, mesmo com naturezas diferentes (opostas) são igualitárias em força. 

Seria a “grosso modo” como se dois imãs tentassem se aproximar e se juntar, sem conseguir unir as margens diferentes! Apenas quando um cede, a união pode ser efetuada! 

Ou seja, quando as forças opostas descobrem o aspecto de “complementares” que elas se ajustam! Se unem! E formam novamente algo “uno”. 

Para o filósofo Jean-Jacques Rousseau, ele diz que originalmente o homem nasce livre. E que possui uma natureza boa, que é corrompida pelo processo civilizador! O que gera outro pensamento do mesmo filósofo, que “o homem é produto de meio em que vive e se insere”. 

Eu, depreendo de tudo isso que ao passo que vamos crescendo vamos descobrindo, percebendo toda a dualidade do universo! 

Vamos experimentando, conhecendo, interagindo... 

E de acordo com nosso livre arbítrio, vamos escolhendo quais forças combinam mais com nosso temperamento ou personalidade! 

Que através da escolha, podemos decidir continuar a sermos bons ou nos tornarmos maus! 


Ou seja, eu sinalizo aqui a importância do nosso arbítrio! De nossas escolhas! 

E consequências em nossas vidas! 

A dualidade se apresenta de várias formas! 

Nós que escolhemos, qual lado temos mais pendor! 

Por exemplo, entre bondade e maldade. 

Mas pode ser entre frio e quente, entre sol e lua! 

Há um provérbio indígena que gosto muito, que exemplifica o que quero dizer... dessas escolhas! 


Mas também podemos escolher o caminho do meio! 

Segundo Gianniffer Stella, “posso até concordar que o homem é produto do seu meio, DESDE que o indivíduo tenha sabido antes o significado do bem e do mal, pois se o mesmo antes de virar “produto do meio” tenha conhecido o bem e mal, ele vira produto então de suas escolhas e não mais do seu meio”. 

O que reforça a questão de nossas escolhas e livre arbítrio. 

Já o príncipe Sidharta Gautama, o Buda, sinaliza essa visão, essa conduta do meio, entre forças convergentes! 

Como uma resultante de forças poderosas, mas de direções e polaridades diferentes! 

Mas essa etapa é um passo definitivamente mais avançada na existência humana, na maturidade e evolução, possivelmente contemplada com o que chamamos de “iluminação”, onde a dualidade deixa de existir, e só se contempla o “uno”. O que é! Uma experiência Deus em si! Como o rio que converge até o mar, e lá se transforma em uma coisa só com o mar! Não existe mais individualidade e nem polaridades! E sim comunhão com o divino sagrado! Como o “Todo”. Sem divisão! 

Voltando á nossa realidade menos avançada e iluminada, somos muito influenciadas pelas duas torrentes de forças entre nós! 

Assim a vida se mostra como a busca entre o equilíbrio das forças! 


Como andar de bicicleta! 

Assim, viver é se equilibrar entre essas forças! 

Se equilibrar entre as escolhas da vida! 

Lembrando que cada escolha implica numa renúncia! 

E deriva numa consequência! 

Não existe castigo ou punição, existem consequências dos atos! 

Colhemos o que plantamos! Fato! 

Eu sinalizo durante o texto inteiro da importância das escolhas feitas por nós! 

Não acredito em destino traçado para nós, entendo a vida como resultado de nossas escolhas conscientes e inconscientes! 

Quanto mais sábios, maduros e por conseguinte mais conscientes, nossas escolhas naturalmente passam a ser melhores! 

Tudo ao seu tempo! 

Aqui sinalizo também a importância do autoconhecimento, para esse despertar de consciência! 

Com o acima exposto, me sinto agora à vontade para explorar o cerne da questão que quero provocar a reflexão e busca por entendimento juntos! 

Veja, quero provocar a reflexão com tudo que escrevo! 

Não sou e nem tenho a pretensão de ser o dono da verdade! 

Afinal, tudo tem dois lados, tudo é dual! E depende de nossa percepção! 

Que inclusive pode mudar! 

Mas aqui apresento uma visão minha, uma percepção, que compartilho contigo! 

Para essa reflexão! 

Dentro dessa visão de dualidade, vou falar sobre razão versus emoção! 


Essas duas forças extremamente poderosas em nossa vida! 

Pois elas interferem em nossas escolhas, que já sabemos que são decisivas na qualidade de nossa vida! 

Razão e emoção são duas energias poderosas e opostas no tocante a essência e foco de cada uma! 

A razão em nós, o mental é a porção racional de nós! Científica... 

Que procura e necessita entender e explicar tudo no universo! 

Essa força mental é importante mormente na área científica e profissional! 

Para pesquisar, quantificar, medir, analisar... tudo que é material! 

Essa é a característica dessa energia mental! 

Mas temos a energia do emocional em contraponto! 

A caraterística dessa energia emocional, também conhecida como “coração” é sutil! 

Não busca explicação! Aliás, para essa energia não há necessidade de explicar! 

E sim de sentir! 

Provar! 

Experimentar! 

Se permitir viver aquilo! 

Enquanto a razão busca explicações nos seus conceitos morais, do ego, da cultura, etc... o coração busca e acredita que a explicação é simples! Se eu gosto, é bom! 

Se me faz bem, melhor! 

Se me dá felicidade, é correto! 

Se isso não fere ninguém ainda, perfeito! 

A emoção valida sem precisar da ciência racional e mental do homem! 

A emoção valida a fé, o sagrado, as emoções como amor, paixão, desejo... 

A emoção age diretamente nas expressões artísticas... o que importa é o que ela sente! 

Mas qual o caminho certo? 

Da razão ou da emoção? 


Depende... 

Em determinado momento a razão aprece ser a ferramenta mais adequada para tomada de decisões... 

Em determinado momento, se não abrirmos a decisão para o emocional, podemos nos frustrar terrivelmente! Inclusive por não tentar algo, a maior decepção! 

Em determinado momento, a razão e a emoção podem estar juntos! 


Como não? 

Para mim isso funciona muito! 

Ser racional é achar uma razão de ser, certo? 

E percebi que meu emocional e meu racional se entrelaçam! 

Pois se amo algo, alguém, uma tarefa, uma arte, um objeto...aquilo se torna uma razão de ser para mim! 

Ou seja, o meu racional aí aceita e valida o meu emocional! 

Então eu procuro sempre não me deixar a extremos...e equilibrar ambos lados, mental e emocional! 

Entendo ser complexa a atitude de uma pessoa ser extremista e ser totalmente passional, emotiva e impulsiva, assim como quem só decide com o racional, sem emoção, sem gosto! Sem alma! Sem viço! Sem brilho! 

Para mim, na minha opinião, essas dualidades podem andar juntas! 

Se apoiarem...se ajudarem! 

São como se fossem nossas duas pernas! 

Fica ruim só usar uma perna, sair saltando só sobre uma perna só, percebe? 

Porque a realidade é que (e isso veio acontecendo desde muitas eras onde os homens não se permitiram sentir a emoção, achando inadequada e coisa de fraco) a pessoa com pensamentos e atitudes racionais e mentais, somente científicas (que só acredita quando vê, quando tem prova, quando se explica) ele perde metade da vida! 

Tem uma existência capenga! 

Como explicar o prazer que uma comida nos dá? Ou uma música? Uma dança? Um quadro? 

Como explicar o amor? A poesia? A paixão? O desejo? O tesão? 

A não ser pela emoção? 

Como explicar o dia e a noite? 

O sol e a lua? 

Como explicar a alegria de ter um filho se não teve filho? 

Como explicar algo, sem experimentar? 

Como decidir, escolher entre duas coisas, se não as conhece? 

Se não experimentou... 

A emoção ao contrário do que pensavam os machistas, não é característica de fracos! 

Ao contrário! 

É uma característica dos fortes! 

A emoção e o sentimento provocam ondas fortíssimas em nós!



As chamadas loucuras de amor nos romances e na vida real! 

O amor fraterno, familiar, ou amor sexual entre pessoas...como explicar? 

Como entender? 

A não ser pela emoção? 

Então, infelizmente, quem não permite dar vazão às suas emoções, tem uma vida pela metade! 

Sinto muito... 

É onde os homens hoje em sua maioria precisam investigar... se permitir serem mais emocionais! 

Para serem plenos, devem conhecer e assumir seu sagrado em si! 

Que é a soma de ambas as forças! 

Pois todos nós homens e mulheres temos toda a força da dualidade em nós, independente da opção ou visão sexual... 

Uma das energias pode até emergir e se manifestar mais forte! 

Mas temos todas juntas e misturado! 

Masculino e feminino em nós! 

Macho e fêmea! 


Amor e ódio! 

Dia e noite! 

Sol e lua! 

E cada força tem seu momento...sua função! 


Sua necessidade! 

Se uma só está aparecendo, não significa que o outro lado não exista! 

Ninguém é só mau! 

E ninguém é só bonzinho... 

Somos tudo isso... 

Na linda dualidade do ser 

Na dualidade da criação... 

Na dualidade da existência! 

Pode concordar ou não! 

Pode gostar ou não do que escrevi... 

Tudo bem! 

Pois somos duais! 

Polares! 

Assim é... 

Que possamos então em virtude das energias duais que nos compõem a existência, vivermos felizes! 

Felizes com nossas escolhas! 

Assim seja!



Mauricio Franchi – "Veeresh Das”

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